O mundo está mais rico — mas você está mais pobre: o novo truque da economia global em 2025
Por LÉO DE TOPÓ
Enquanto os números da economia global batem recordes e as bolsas de valores celebram novos lucros históricos, a realidade nas ruas é completamente diferente.
Em 2025, o mundo nunca produziu tanto — mas nunca houve tanta gente se sentindo mais pobre.
Os governos anunciam crescimento, os bancos registram lucros bilionários e os grandes fundos de investimento aumentam suas fortunas.
Mas, para a maioria das pessoas, o salário continua o mesmo — e o custo de vida dispara.
É o retrato da nova fase da economia mundial: um crescimento que beneficia poucos e empobrece muitos.
O crescimento que não chega ao povo
De acordo com dados do FMI e do Banco Mundial, a economia global cresceu cerca de 3,2% em 2025, impulsionada principalmente por avanços tecnológicos e pelo comércio digital.
Mas esse crescimento não se reflete na mesa das famílias.
A inflação acumulada nos últimos três anos ainda pesa sobre alimentos, energia, transporte e moradia — os itens básicos que mais afetam o trabalhador comum.
Enquanto isso, o número de bilionários aumentou em 9% no último ano, e as 100 maiores empresas do planeta concentraram mais de 60% da riqueza global, segundo o relatório Global Inequality 2025.
A inteligência artificial: aliada dos ricos, ameaça dos empregos
A inteligência artificial (IA), que prometia democratizar oportunidades, tem feito o oposto em muitos países.
Automação, cortes de pessoal e concentração tecnológica em poucas empresas estão acelerando o desemprego estrutural.
Funções simples estão sendo substituídas por sistemas inteligentes, enquanto os novos empregos exigem qualificação que milhões ainda não têm.
“O progresso tecnológico não é o problema — o problema é quem se beneficia com ele.”
— Relatório da ONU sobre o Futuro do Trabalho
Enquanto isso, corporações ampliam lucros e reduzem equipes humanas, transformando a eficiência em desigualdade.
O truque: o lucro é global, mas o prejuízo é local
O grande truque da economia global moderna é simples:
os lucros são internacionalizados, mas os custos ficam com os países e os cidadãos.
Os preços sobem em escala mundial, mas os salários são definidos localmente — e geralmente não acompanham.
As empresas reduzem impostos, os governos se endividam e o povo paga a conta com juros, inflação e desemprego.
O alerta dos economistas independentes
Economistas alternativos alertam que o planeta está entrando numa nova era de “riqueza ilusória.”
Os números são positivos, mas o bem-estar humano cai.
É o que o sociólogo francês Thomas Piketty chama de “crescimento sem prosperidade” — uma armadilha onde a riqueza se multiplica nas telas dos mercados, mas desaparece nas carteiras das famílias.
O futuro próximo
O desafio dos próximos anos será reconectar o crescimento econômico ao bem-estar social.
Se o sistema continuar premiando apenas quem já tem capital, a desigualdade pode atingir níveis históricos até 2030.
E quando o povo perde o poder de compra, o mundo inteiro paga a conta — inclusive quem lucra hoje.